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terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

As pescarias e os amigos de infância


Certa vez, tive a oportunidade de ler um artigo sobre o valor e a importância das amizades tidas em nossa infância. Nada comparável ao nível das amizades havidas na fase adulta, as quais, por vezes, são nutridas com sentimentos de interesse material, mas não merecem comentário por ora. Não me recordo o autor, porém, os relatos por ele narrados eram poéticos, e combinam perfeitamente com o sentimento de saudade e boas lembranças daqueles tempos e dos amigos jamais esquecidos.


Assim, fazendo uma reportagem do passado, notadamente em relação ao propósito de relatar os meus causos, vamos seguir a caminhada, rememorando àquelas varas de pesca caprichosamente guardadas junto ao beiral do quartinho do meu saudoso avô paterno.


Para um menino pescador, não importa se o tempo está frio ou chuvoso, ou se pega ou não o peixe. Não interessa também, se a água do rio está “suja”, ou se a época é boa ou ruim para pesca. Pois bem, a única coisa que importa é ter um amigo que goste de pescar, uma latinha de isca e a tralha.


Nesse compasso, confesso que sorrateiramente pegava uma das varinhas do meu avô e passava a mão em alguns apetrechos dele: linha, anzol e chumbada. A bicicleta era um problema, esta eu não pegava, pois ele a estimava muito, então o jeito era ir a pé mesmo.


Neste tempo, éramos três companheirinhos de pesca, sendo eles: Paulinho, Mauro e Silvinei, todavia, a maior parte das pescarias foram feitas com este último.

Geralmente, nas primeiras horas do dia, já estávamos um na casa do outro, chamando para ir em direção aos rios ou lagos da região, esta abundante de verde e água. Tínhamos muitas opções, contudo, os acessos se davam por meio de propriedades particulares e o consentimento do proprietário ou administrador do local se fazia fundamental para pescarmos tranqüilos. Por exceção, em algumas ocasiões nos arriscávamos em locais proibidos.


Partíamos sempre pela manhã. De posse das latinhas recheadas de minhoca costumávamos ficar o dia todo fora em busca dos peixes. A minha avó, sempre providenciava um café reforçado e cuidadosamente recheava a minha capanga de lanches e sucos. Ao sairmos do sítio, selecionávamos algumas pedras para servirem de munição aos estilingues e percorríamos horas andando atrás de uma boa pescaria.


Adavamos uns 800 metros para chegarmos no córrego mais próximo, onde muitas crianças passavam o dia todo brincando na água. De manhãzinha era possível pescar lambaris e traíras. Partindo do "córgo" ao atravessarmos uma pequena ponte, caminhávamos em média mais 1 Km entre bois e vacas no pasto, e já estávamos numa pequena lagoa, onde as traíras já se viam maiores e os bagres também.


O mais interessante daqueles tempos, é que ainda hoje vejo pescadores fisgando, da maneira que eu fazia quando ainda criança. Ocorria ao fisgar um peixe, dele se soltar do anzol e subir uns 5 metros de altura para fora d’água. A força empreendida na varinha era tanta que passávamos mais tempo procurando o peixe no meio do mato,  que pescando. A cada fisgada, a procura recomeçava e assim prosseguiamos até o cair da noite.

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