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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Pescando no Riacho Grande

Já contava com 17 (dezessete) anos, quando conheci o Sr. Terushi, outro apaixonado por pesca e freqüentador assíduo da represa Billings. Um dia me convidei para ir pescar com ele. A empreitada se daria à noite. Nesta  época trabalhava no Banco Real durante o dia e numa sexta-feira, ao chegar do serviço partimos em busca dos peixes. O amigo japonês era muito organizado e não tinha tempo ruim com ele. Não se aborrecia quando os compromissos de trabalho  prejudicavam a programação do horário de saída, pois a  qualquer hora da noite lá estava ele sempre disposto a capturar as tilápias. Na minha primeira empreitada fomos num local apelidado de Tarzan. O acesso se dava perto de uma fábrica de carburadores. No lugar havia um pequeno canal com barranco dos dois lados. O Sr Terushi armava 5 (varas) telescópicas. Eu, com muito custo usava uma de bambu, e o João, utilizava duas telescópicas. Naquele tempo ficava admirado com a habilidade daquele senhor. Era uma Tilápia atrás da outra, e ao amanhecer tínhamos que nos unir para carregar os peixes. O homem parecia uma máquina de fisgar; rede e tarrafa perdiam pra ele. Eu e o João também pegávamos, mas em proporções menores, para se ter idéia, eu capturava uns dois quilos e perdia para  o João.



Numa das viagens, estávamos pescando no lugar de costume e o japonês começou a conversar com uma turma conhecida instalada do outro lado do barranco. Estavam à nossa frente: o Agnaldo (pesquei pela primeira vez em SP), o Adillson e o Valentim. Deste dia em diante, aumentei o ciclo de companheiros de pesca. Passei a explorar vários pontos da Billings. Ora seguia pra lá com o Japonês, ora com o Agnaldo e o Adilson. Pescávamos, na primeira ponte da estrada velha, na segunda, no motel, na prainha, no canal Schimidt e em qualquer buraco com barranco onde estivesse saindo peixe.



O Agnaldo parecia uma biscate viciada em pesca e todos queriam pescar com ele. O morfético marcava de ir no carro do Japonês, e sorrateiramente combinava também de ir no meu veículo e deixava o carro do Adilson na reserva. Convidava diversos companheiros de pesca: Ninão, Luis Carlos, Toninho, Paulo, entre outros e garantia a lotação de um dos carros. Fazia isto, pois não era fiel com ninguém. Se ele houvesse combinado de sair comigo às 15h, e o outro colega pudesse sair às 10h, ele ia com este último e deixava os outros no "cavalete". Isso ocorreu por anos e não faltava estória por parte dele a fim de  justificar o ocorrido.  Contudo, o padrão de vida de todos era sofrido e dependíamos um do outro para nos lançarmos em direção da represa, sendo certo que  a ausência de um colega prejudicava o passeio dos demais. Todavia, mesmo com os "canos" do Agnaldo, todos do grupo o admiravam pela sua devoção na pesca, pelo conhecimento dos melhores pontos e o desprendimento com as coisas materiais. Em resumo, a tralha dele era sua e se colocava sempre a disposição para ajudar no que fosse preciso.



Foram noites e noites a fio, ancorados nos barrancos junto às águas da Billings, pescando com tripa de galinha no fubá, refletor a gás e não podia faltar a bóia de isopor.



Atualmente o amigo Agnaldo resolveu não pescar mais. O Sr. Terushi foi para o Japão, porém, já retornou ao Brasil, mas não temos  notícias dele. O amigo Adilson e o Valentim, ambos com manutenção das safenas, continuam inseparáveis, firmes e fortes nas pescarias, e na medida do possível ainda conseguimos pescar juntos.


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